Desde muito nova tive a vida cheia de compromissos e responsabilidades. Fui me acostumando com esse ritmo agitado, mas em 2013 algo foi diferente. Eram muitos plantões no hospital, estudos na pós-graduação e nada de distrações. Não parava para comer direito, não parava para ir ao banheiro, muito menos parava para assistir a um filme ou ir ao parque. Meu corpo deu vários sinais para eu desacelerar, porém eu continuei. Até que comecei a ter muitas dores de cabeça que não passavam com paracetamol e dipirona. Não conseguia mais dormir por causa das dores de cabeça. Resolvi procurar ajuda e recebi o diagnóstico de Fibromialgia logo na primeira consulta. Sai do consultório médico ainda desconfiada do diagnóstico, mesmo assim comprei os remédios e comecei a tomar.
Comecei a tomar Lyrica (pregabalina) para amenizar os sintomas. Eu me senti melhor com os medicamentos, mas logo precisei aumentar a dose. E chegou uma hora, mesmo tomando muitos comprimidos por dia, eu acordava e dormia com dor. Dormia muito mal, meu sono não era reparador e eu já acordava cansada. Estava sempre indisposta, com dor e irritada. Comecei a questionar a vida que levava e rever alguns valores.
Por algum tempo eu neguei o diagnóstico de Fibromialgia, acreditava ser só um stress passageiro. Com o tempo fui lembrando que convivia com as dores musculares desde quando tinha 16 anos. A Fibromialgia veio logo após a morte de meu pai.
Alguns meses após receber o diagnóstico, resolvi fazer uma viagem para tentar relaxar um pouco, e durante a viagem marquei para receber uma massagem ayurvédica no Balneário de São Lourenço (MG). Fui sem muitas expectativas e para minha surpresa foi maravilhosa.
Logo que voltei para São Paulo, minha irmã comentou sobre um tratamento bem diferente de tudo que já tinha escutado. Ela passou pelo processo de purificação do Ayurveda (Panchakarma). Na época não entendia o porquê de algumas restrições alimentares. Lembro dela contar sobre massagens com óleo, vômito e diarréia e não conseguia entender.
Minha vida seguiu e o Ayurveda entrou no esquecimento. Desacelerei um pouco e controlei a fibromialgia com acupuntura, mas mesmo assim continuava muito cansada. E as dores apesar de estarem em um score bem mais baixo, elas sempre estavam comigo.
Em 2015 minha filha nasceu, e então resolvi pedir demissão do hospital para ficar mais próxima dela. E logo nos primeiros meses fui aprender sobre Shantala (massagem ayurvédica para bebês). E para minha surpresa, novamente, eu amei. Eu me sentia tão bem fazendo os movimentos da massagem e sentindo minha mão deslizar na pele com o óleo. No mesmo ano comecei a pesquisar mais sobre o assunto e logo me lembrei das vezes que o Ayurveda cruzou a minha vida.
No ano seguinte já comecei o curso de formação de terapeutas em Ayurveda. Aos poucos fui mudando meu estilo de vida e alimentação, com isso percebi a mudança em meu corpo e mente. Meu corpo físico foi ficando mais saudável e minha mente cada vez mais serena. Claro que ainda tenho muito para melhorar. E nesse processo, tive uma grande ajuda de pscicoterapia e coach.
Os primeiros dias sem dor eu nem acreditava. Foram tantos anos com dor que eu nem lembrava mais o que era viver sem elas. A vida foi se tornando mais leve novamente.
Atualmente eu sigo o máximo que consigo do Ayurveda. Faço as purificações dos cinco sentidos logo pela manhã e sempre que tenho um intervalo durante o dia, eu paro para meditar ou fazer algum exercício de atenção. Seguindo esses cuidados e uma alimentação adequada consigo ficar sem dor.
A vida é uma montanha russa com seus altos e baixos, e quando eu negligencio o meu autocuidado, logo sinto algum sintoma da Fibromialgia. A diferença é que agora estou muito mais atenta nos pequenos sinais do corpo e da mente, e rapidamente procuro o caminho para encontrar meu equilíbrio.
Agradeço sempre por tudo que aprendi com o Ayurveda. Foi um presente na minha vida e desejo que muitas pessoas possam vivenciar e sentir a melhora da qualidade de vida que o Ayurveda pode proporcionar. Hoje tenho o prazer de poder trabalhar com o ayurveda e levar para as pessoas um pouco do que aprendi e recebi dessa medicina milenar e tão especial.
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